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Como escrever um livro #9: Como estruturar um capítulo de livro

O que é um capítulo? Quantas páginas tem que ter um capítulo? Para que serve um capítulo? Mil e uma maneiras de escrever um capítulo por um sujeito que já usou de três delas para três projetos diferentes.

O que é um capítulo?

Essencialmente, o capítulo é uma divisão narrativa utilizada para oferecer uma quebra na dinâmica do enredo atendendo a algum objetivo e dividindo tematicamente a história. 

É uma mini-história dentro da história que dialoga com o resto da narrativa complementando-a diretamente ou indiretamente. 

O capítulo é uma subpasta dentro de uma pasta maior, onde pode encontrar uma situação específica: fulano vai a tal lugar, um problema no mercado, pintando as paredes da casa, enfrentando o gladiador da Espanha, etc. 

Quantas páginas tem que ter um capítulo?

Quantas forem necessárias para sua história. O que costuma ocorrer, na verdade, é autores escolherem uma média de páginas e se manterem nelas ao longo de um mesmo livro. Isso gera conformidade para o leitor e também acelera o processo produtivo dos escritores. 

Um bom exemplo nesse caso é o Eduardo Spohr, suas histórias todas possuem uma média de sete páginas por capítulo, e todos eles possuem início-meio-fim. 

O Spohr inclusive tem um blog com excelentes dicas de escrita.

Esse modelo não precisa ser tomado como verdade, contudo. O capítulo corresponde muitas vezes a um tema, e se seu tema atual se estende por mais páginas do que os anteriores, não há problema em correr por mais páginas com ele. 

O que deve ser observado, contudo, é se o número de páginas não supera as anteriores por falta de planejamento. 

Em um dos livros que estava escrevendo, acabei por fazer um capítulo com 40 páginas. Quando o reli, vi que poderia eliminar algumas redundâncias, enxugar algumas coisas e ainda dividir toda aquela narrativa em duas partes. 

Quando fiz isso, fiquei com dois capítulos de 15 páginas, a média dos outros 13 capítulos na história.

E não precisam ser apenas capítulos curtos, justamente pelos motivos que apresentei acima. Na verdade, capítulos curtos são uma herança dos folhetins em jornais e a necessidade de manter o leitor sempre atento com reviravoltas e diferentes situações e conflitos. 

Histórias clássicas e livros mais antigos costumam, quase que por via de regra, apresentarem menos divisões. 

Como escrever um capítulo?

Você começa a escrever seu capítulo do mesmo ponto em que começa a escrever sua história: do começo.

Isto é: você começa sempre partindo do princípio de que o capítulo é uma narrativa em si, e por isso sua organização obedece aos mesmos princípios de enredo da história como um todo.

Então, haverá toda a disposição de onde, quando, como, porquê, etc. Construção de tensão, clímax e desfecho.

Até pela necessidade de seguir esse modelo em maior ou menor grau, eu gosto de capítulos um pouco mais longos, e faço os curtos apenas quando necessário, como foi o caso do meu livro A Pergunta no Espelho. 

Como dividi os capítulos em meu livro

N’A Pergunta no Espelho eu tinha uma voz narrativa e uma maneira de contar a história que já me era muito clara e muito bem direcionada, por isso, saber como dividir os capítulos foi tarefa fácil. 

Como eu queria uma narrativa ágil, com um tom policial e precisava contar vários eventos separados, optei por capítulos mais curtos, que me ajudaram nesse processo. 

Além disso, por conta da minha vontade de entregar o livro em um prazo curto e ter alta produtividade, fazer esses capítulos menores significava ter metas de páginas que se fechavam em um ciclo. Sendo necessário escrever 7 páginas para fechar um capítulo, se eu fizesse isso em um dia não só avançava bastante com a história como também pegava a narrativa no dia seguinte de um ponto novo, evitando agarrar e sofrer com bloqueios no meio raciocínio.

Como eu dividi A Pedra no Caminho

No meu conto A Pedra no Caminho, eu optei por não usar capítulos, até pelo tamanho da história: 50 páginas. A ideia era criar um conto em que a linearidade parecesse, respeitadas as diferenças em plataformas, um plano-sequência. 

Como eu queria contar algo que soasse como uma sucessão surreal de eventos em uma pequena parcela de tempo, não dividir em capítulos foi importante. Contudo, isso me acarretou em diversos bloqueios ao longo da história.

Nem todos foram negativos, inclusive. Foi procurando contornar um bloqueio criativo que eu desenvolvi um dos meus trechos favoritos, a história dos bonobos e chimpanzés.

Como eu dividi Réquiem para um Amor

Réquiem é uma história com grandes particularidades, especialmente porque é feita de sete capítulos principais rodeada por contos menores. 

Isso fez com que os capítulos fossem os contos individuais, e seus tamanhos variam bastante. 

Como o objetivo da história era criar uma narrativa que poderia ser lida do começo, do meio ou do fim, sem importar muito a cronologia, incluindo os capítulos principais, esse modelo me atendeu bem ali.

Conclusão

Capítulos são as divisões que você faz em sua história com o objetivo de construir sua narrativa da melhor maneira possível. Seu grande objetivo é ajudar a organizar o texto em uma unidade coesa, tanto para o autor quanto para o leitor. 

Espero que tenha gostado desse material. Deixe seus comentários aí embaixo sobre outras dicas que faltaram.

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